Nós que temos mais de vinte anos podemos bater no
peito e afirmar que somos de uma geração capaz de gerar santos. Isso não é uma
teoria “desencarnada”, alienada ou “espiritualóide”. É fato! Contra fatos não há
argumentos! Nós poderemos dizer às gerações futuras que vimos um santo caminhar
em nosso meio e muitos de nós poderão até mesmo afirmar que estiveram com ele,
tocaram suas mãos ou chegaram bem perto dele. Mesmo que quiséssemos não vamos
poder nos enganar e continuar afirmando que santidade é coisa do passado ou fora
do alcance dos que nasceram depois da virada do século XX. João Paulo II é um
exemplo de que santidade é possível mesmo nos dias de hoje.
Alguns mais “do contra” poderiam afirmar que esse
grande Papa vai se tornar santo porque convém aos interesses da Igreja. Será que
é isso mesmo? Até onde podemos lembrar, não foi nenhum cardeal que o aclamou
santo pela primeira vez, mas sim uma multidão formada de milhares de jovens –
presentes na Praça de São Pedro durante o seu velório e sepultamento – os quais
gritavam a todo o momento: “Santo já!”. Bem, você “do contra” poderia até
formular qualquer ideia conspiratória para explicar tal fato, mas nós preferimos
àquela explicação mais antiga que afirma: “A voz do povo é a voz de Deus”.
Modéstia à parte, não há como negar que não
existem pessoas melhores para testemunhar a santidade de João Paulo II do que
nós jovens. Entre o Pontífice e cada um de nossa geração não havia uma relação
de autoridade somente, mas uma verdadeira amizade expressa com a vida, com o
zelo, carinho, cuidado e amor, manifestada pelos dois lados. João Paulo II nos
dizia da Verdade e nós buscávamos responder a ele lotando estádios, campos, nos
reunindo aos milhões, somente porque queríamos escutá-lo. Não queríamos escutar
somente um homem vestido de branco, mas um amigo, que, antes de tudo, era amigo
da Verdade, amigo de Deus.
Foi a certeza de que a primeira amizade dele era
com Deus que nos atraiu a ele. Nós jovens buscamos a Verdade, um para que viver,
uma vida coerente com o chamado feito por Deus a cada um de nós e João Paulo II
sempre nos ofereceu isso. Não somente nos ofereceu, mas insistiu, correu atrás,
deu o primeiro passo, foi ao nosso encontro, mesmo quando buscávamos outros
ideais mais humanos, mais materiais, mais violentos. Éramos somente jovens em
busca da verdade, mesmo que a buscássemos em lugares errados, e ele sabia disso,
por isso, se lançou até nós. Como um amigo ele lutou e não desistiu de nós.
Isso nos conquistou, nos fez parar para vê-lo
passar, para escutar suas palavras, mesmo que elas denunciassem tantas mentiras
em nossas vidas que se estabeleciam como falsas verdades. Enquanto o
mundo nos convidava a ser livres, a ser donos de nossos corpos, a lutar pelo
prazer, pela realização pessoal a qualquer custo, João Paulo II nos convidava a
nadar contra a correnteza, a ir para águas mais profundas, a dar uma resposta
diferente, a ser santos.
Santidade que era coisa do passado, coisa
ultrapassada, no entanto, nas palavras do saudoso Pontífice e com sua vida, esta
se tornou realidade atual, capaz de ser vivida por nós jovens que tomamos
refrigerante, comemos hambúrguer e vestimos calças jeans. Aquilo que antes era
distante, para poucos, foi se tornando cada vez mais próximo. Pelas palavras do
“Papa dos jovens” a santidade se tornou meta de nossas vidas.
Como amigo de verdade, ele nos apresentou Jesus
Cristo, a verdadeira Verdade, pela qual nós devemos gastar as nossas vidas, e
fonte da verdadeira felicidade. Ao se tornar próximo de cada jovem como um
amigo, João Paulo II nos tornou próximos de Deus, de Sua Mãe, dos santos, do
céu. Sua amizade com Deus foi transmitida a nós como herança, e nós continuamos
lutando para honrá-la com as nossas vidas.
Mas você que é “do contra”, o questionador, ao
ler este texto, pode dizer que nós já declaramos santo alguém a quem a Igreja
acaba de proclamar beato. É, dessa vez você tem razão! Mas não temos medo nenhum
de chamar de santo um amigo, alguém que verdadeiramente conhecemos.
Nós jovens só continuamos afirmando aquilo que
gritávamos diante de todo o mundo há alguns anos. Afinal, é só uma questão de
tempo!
Ao declarar João Paulo II beato e futuramente
santo, a Igreja só vai constatar e reafirmar aquilo que o povo de Deus já havia
experimentado no coração. Modéstia, mais uma vez à parte, só um amigo de verdade
pode falar do outro com propriedade. No caso de João Paulo II, em vez de falar,
nós jovens preferimos gritar para o mundo ouvir: meu amigo é santo!
Seu irmão,
Renan Félix
Renan Félix