quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Como viver bem o tempo da Quaresma


Neste tempo especial de graças, que é a Quaresma, devemos aproveitar o máximo para fazer uma renovação espiritual em nossa vida. O apóstolo São Paulo insistia: "Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!" (II Cor 5, 20); "Exortamos-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação" (II Cor 6, 1-2).

Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Daí surgiu a Quaresma. Na Quarta-Feira de Cinzas, quando ela começa, os sacerdotes colocam um pouquinho de cinzas sobre a cabeça dos fiéis na Missa. O sentido desse gesto é fazer nos lembrar de que um dia a vida termina neste mundo, "voltamos ao pó", simbolizado pelas cinzas. Por causa do pecado, Deus disse a Adão: "És pó, e ao pó tu hás de tornar" (Gênesis 2, 19).

Esse sacramental da Igreja nos faz nos recordar de que estamos de passagem neste mundo e de que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; e que, portanto, devemos viver em função disso. As cinzas humildemente nos lembram que após a morte prestaremos contas de todos os nossos atos e de todas as graças que recebemos de Deus nesta vida, a começar da própria vida, do tempo, da saúde, dos bens, entre outros.

Esses quarenta dias devem ser um tempo forte de meditação, oração, jejum, esmola (remédios contra o pecado!). É tempo de meditarmos profundamente a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a vida dos santos, vivermos um pouco de mortificação (cortar um doce, deixar a bebida, cigarro, passeios, churrascos, a TV, alguma diversão, etc.) com a intenção de fortalecer o espírito para que este possa vencer as paixões desordenadas da carne.

Na Oração da Missa, no início do período quaresmal, a Igreja reza: "Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma para que a penitência nos fortaleça contra o espírito do Mal".

Sabemos como devemos viver, mas não temos força espiritual para isso. A mortificação fortalece o espírito. Não é a valorização do sacrifício por si mesmo, e de maneira masoquista, mas pelo fruto de conversão e fortalecimento espiritual que ele traz. É um meio, não um fim.

Quaresma é um tempo de "rever a vida" e abandonar o pecado (orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ganância, pornografia, sexismo, gula, ira, inveja, preguiça, mentira, maledicência, etc.). Enfim, viver o que Jesus recomendou: "Vigiai e orai, porque o espírito é forte, mas a carne é fraca".

Embora este seja um tempo de oração e penitência mais profundas, não deve ser um período de tristeza; ao contrário, pois a alma fica mais leve, mais livre, mais autônoma e mais feliz ao buscar viver a santidade. O prazer é satisfação do corpo, mas a alegria é a satisfação da alma.

Santo Agostinho dizia que "o pecador não suporta nem a si mesmo". E "Os teus pecados são a tua tristeza; deixa que a santidade seja a tua alegria". A verdadeira alegria brota no bojo da virtude, da graça; então, a Quaresma nos traz um tempo de paz, alegria e felicidade, porque chegamos mais perto de Deus.

Para isso podemos fazer uma confissão bem feita, o meio mais eficaz para nos livrar do pecado. Jesus instituiu este sacramento em Sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (cf. Jo 20,22) dizendo-lhes: "A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados". Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.

Jesus quis que nos confessássemos com o sacerdote da Igreja, seu ministro, porque ele também é fraco e humano, e pode nos compreender, orientar e perdoar pela autoridade de Deus. Especialmente aqueles que há muito não se confessam têm, na Quaresma, uma graça especial de Deus para se aproximarem do confessor e entregarem a Cristo, nele representado, as suas misérias.

Uma prática muito salutar que a Igreja nos recomenda durante o tempo quaresmal, uma vez por semana, é fazer o exercício da Via-Sacra, na igreja, recordando e meditando a Paixão de Cristo e todo o Seu sofrimento para nos salvar. Isso aumenta em nós o amor a Jesus e aos outros.

Não podemos nos esquecer também de que a Celebração Eucarística é a prática de piedade mais importante da fé católica, e que dela devemos participar, se possível, todos os dias da Quaresma. Na Santa Missa estamos diante do Calvário, o mesmo e único Calvário. Sim, não é a repetição do Calvário, nem apenas a sua "lembrança", mas a sua "presentificação"; é a atualização do Sacrifício único de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Igreja nos lembra que todas as vezes de que participamos bem da Missa, "torna-se presente a nossa redenção".

Assim podemos viver bem a Quaresma e participar bem da Páscoa do Senhor, enriquecendo a nossa alma com as suas graças extraordinárias; para que possamos ser melhores e viver melhor.


Professor Felipe Aquino

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